As empresas enfrentam grandes desafios na Transformação Digital que passam por cultura organizacional, falta de talentos, prioridade na execução e manter o legado funcionando enquanto executa-se a transformação.
Aprofundando mais detalhadamente sobre cada um dos temas e começando pela cultura organizacional, vemos que ela por si só já é uma barreira muito forte a ser vencida num processo de transformação. Dados do Gartner com C’s Level no mundo em 2022 apontam que a maior barreira para a transformação digital é a cultura com 46% e, no Brasil, esta mesma pesquisa aponta um número ainda maior com 64%. Como alinhar atitudes, comportamentos, missão, valores e expectativas para criar uma cultura de transformação ao mesmo tempo que os colaboradores estão, mais do que nunca, em busca de atividades que façam sentido e traga o sentimento de pertencimento, enfim, cria um propósito para o qual eles(as) realmente acreditem.
Falando de skills, vemos que as tecnologias avançam numa velocidade muito mais rápida que as organizações conseguem formar talentos e o abismo de conhecimento só aumenta. Os conhecimentos adquiridos serão logo substituídos por outro ou teremos que sempre aperfeiçoá-los para não ficarmos desatualizados.
O terceiro desafio é sobre foco na execução da transformação pois sabemos que as empresas, hoje, têm muitas prioridades concorrentes como o resultado do trimestre, do semestre, anual e tantas outras iniciativas que muitas vezes um plano de transformação fica com sua execução comprometida.
E, por fim, menciono o desafio de equilibrar a ambidestria corporativa para transformar o legado para o novo, ou seja, manter um olho no presente e o outro no futuro, pois se o legado, que hoje gera a receita parar, não existirá foco para o novo.
Diante de todos estes desafios é importante criar uma estratégia que elimine estas barreiras ao mesmo tempo em que a empresa continue inovando e criando vantagem competitiva.
Ao longo da minha carreira executiva, passei por muitas transformações e pude observar vários conceitos e tendências. Mais recentemente, nas entrevistas que tenho feito com executivos C’s level das empresas, dois conceitos são bem frequentes e citados por eles: “be digital” e “go digital”.
“Be digital” é transformar a empresa internamente para gerar resultados e passa pela:
- Digitalização das áreas e adoção de automação (RPA – robotic process automation): Vendas, Marketing, Operações, Cadeia de Suprimentos, etc;
- Otimização dos processos para gerar eficiência;
- Erradicação de silos de dados;
- Adoção de Inteligência Artificial para análise preditiva
“Go digital” é criar novos negócios e/ou novos produtos para sobrevivência da empresa e passa por:
- Transformação do modelo de negócios;
- Adoção de novas tecnologias com foco em novos negócios e agilidade com que se coloca este produto/serviço no mercado;
- Inovação para alavancar novos negócios
Toda esta estratégia tem que estar focada nos resultados que se quer alcançar, pois não adianta implementar se o objetivo de negócio não for atingido.
Por esta razão, a Transformação Digital não tem receita que você segue e implementa. Melhores práticas sim, pois você pode ouvir e entender o que outras empresas estão fazendo, mas cabe a cada organização entender sua estratégia, seu posicionamento no mercado e mirar o seu futuro no horizonte. E para chegar lá, tem que ter em mente que você pode seguir os 9 passos que coloco abaixo:
- Ter uma estratégia digital alinhada ao propósito
- Ter engajamento do CEO e da média gerência para esta transformação
- Fazer comunicação constante do progresso para toda a organização
- Mapear os talentos e skills que tenho hoje e precisarei no futuro
- Transformar o modelo de negócios e buscar por inovação
- Desenvolver uma cultura ágil e de experimentação
- Conhecer o seu ecossistema e trabalhar nas parcerias
- Monitorar o sucesso da transformação
- Focar o resultado da transformação na jornada do cliente, ou seja, criar uma melhor experiência para o meu cliente sempre.
Mas, como eu mencionei acima, precisa entender que resultado você espera obter. E lembre-se sempre de estar atento às possibilidades que aparecem e mudam a todo instante. Só assim é possível detectar uma disrupção e sair na frente dos concorrentes.
Bem-vindos ao estado perpétuo de transição.